“A composição de um poema lírico deve ser feita não no momento da emoção, mas no momento da recordação dela”. Para Fernando Pessoa, a poesia é, pois, fingimento poético, um produto intelectual resultante da destruição do conceito romântico de inspiração, que o poeta modernista substitui por imaginação, concebendo a escrita como linguagem. Fingir é inventar, é intelectualizar o sentimento para exprimir a arte.
Efectivamente, a supremacia da razão sobre as emoções no acto de criar é sintetizada no poema “Autopsicografia”. Neste, o sujeito poético parte da afirmação “O poeta é um fingidor” para realçar a sua concepção poética: a dor real, para se elevar a poesia, tem de ser fingida, imaginada.
No poema “Isto”, Pessoa marca novamente a exclusividade da sensação intelectual “simplesmente sinto/ Com a imaginação”. Só o poeta, libertando-se do enleio, escreve em direcção a “Essa coisa (…) linda”, a região onde se gera a poesia. “Sinta quem lê!”, pois o poeta não sente, deixa isso para os que lêem.
Em síntese, deste processo de fingimento, Pessoa confronta-se com os seus muitos eus, de que advêm a construção dos seus heterónimos com vida própria, o seu fingimento pessoal “fingir é conhecer-se”.
Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Ana Alves
Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Ana Alves
9 reacções:
obrigado, deu muito jeito ;)
óptimo artigo, simples, concreto e fácil de associar uma ideias às outras, parabéns
ja me safas-te no PIT com isto :b
obrigado, salvaste o meu tpc de portugues!
Está muito bom este texto!
Está resumido o essencial. Estou a estudar por aqui pois se calhar vou ter de apresentar um texto expositivo argumentativo sobre o fingimento poético os meus parabéns muito bem :)
ÉS O MAIOR!!
Consegui perceber muito melhor a prespectiva do autor em relação às temáticas que são evidencias na obra.
Excelente artigo.
ES O REI FILHO
FAZ UM FILHO A MINHA MULHER
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