A vanguarda e o Sensacionismo em Álvaro de Campos

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Existe em Álvaro de Campos uma desmedida ânsia de “sentir tudo de todas as maneiras”, não se contentando senão com “sensações brutais”. É, de facto, o poeta cantor da vida moderna, das máquinas, da velocidade, segundo o qual a única realidade é a sensação.

Com efeito, é Álvaro de Campos que prega nas odes, à semelhança de Walt Whitman, a sabedoria futurista da sem-razão, da energia mecânica, da vida jogada por aposta; ou então o anseio eufórico de abarcar a totalidade e a complexidade das sensações, como o próprio refere no poema “Episódios”:
“Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir./ Sentir tudo de todas as maneiras./ Sentir tudo excessivamente,/ Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas”.

Esta é, portanto, a segunda fase de Campos, a fase futurista, que revela a influência de tanto Whitman como de Marinetti, autor do Manifesto da Literatura Futurista. Este desmesurado Sensacionismo vai dar origem ao seu estilo igualmente desmesurado que constitui a maior ruptura na literatura portuguesa e o ponto mais alto do Modernismo em Portugal.

Em suma, o sensacionismo de Campos surge como uma nova visão do mundo e como uma nova forma de sentir a complexidade e a dinâmica da vida moderna, pela qual nutre uma paixão visceral. O poeta sofre, assim, um profundo desespero por não ter a capacidade de transpor para o papel as suas violentas e excessivas emoções.

Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Daniela Cabral
 
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