Lisboa e Mafra: Espaços Privilegiados em 'Memorial do Convento'

Lisboa e Mafra constituem o espaço real deste romance histórico, conferindo veracidade à história narrada. Estes espaços revelam-se de extrema importância, uma vez que neles se desenvolve toda a história e se movimentam as personagens principais da obra.

Do ponto de vista geográfico, Lisboa integra várias zonas enquanto macroespaço, nomeadamente o Terreiro do Paço, local onde Baltazar trabalha num açougue e onde é revelada a vida da corte, o Rossio, onde decorrem os autos-de-fé e a procissão da Quaresma, e São Sebastião da Pedreira, espaço rural relacionado com a construção da passarola. Mafra, por sua vez, é tida como o segundo macroespaço da obra. Neste espaço constam locais como a Vela, espaço escolhido para a construção do Convento, ou a “Ilha da Madeira”, zona anexada ao Convento de Mafra, onde se alojaram os milhares de trabalhadores.

Contudo, Lisboa e Mafra apresentam também uma vertente social, ou seja, espaços sociais são construídos através do relato de determinados momentos ou percursos efectuados pelas personagens nestes locais, que acabam por representar um determinado grupo social. Um exemplo disso são os autos-de-fé, efectuados no Rossio, que permitem ao autor demonstrar o gosto sanguinário do povo e a sua procura de emoções fortes na tentativa de preencher o vazio da sua existência.

Concluindo, Lisboa e Mafra são, de facto, espaços privilegiados, uma vez que neles se desenrola toda a acção, permitindo, ao mesmo tempo, demonstrar quadros reveladores das mentalidades, hábitos e rituais em relação a toda a escala social, sendo da preferência do autor, para o efeito, grandes aglomerados de pessoas e locais significativos que permitam demonstrar a realidade do século XVIII.

Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Raquel Oliveira

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