Ricardo Reis é o poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita, com calma e lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas. “Vem sentar-te comigo Lídia à beira do rio”, “Prefiro rosas, meu amor à pátria” são poemas que nos mostram que este discípulo de Caeiro aceita a antiga crença nos deuses, enquanto disciplinadora das nossas emoções e sentimentos, mas defende, sobretudo, a busca de uma felicidade relativa alcançada pela indiferença à perturbação.
Sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa verdadeira ilusão da felicidade, conseguida pelo esforço estóico lúcido e disciplinado.
Ricardo Reis, que adquiriu a lição de paganismo espontâneo de Caeiro, cultiva um neoclassicismo neopagão (crê nos deuses e nas presenças quase divinas que habitam todas as coisas), recorrendo à mitologia greco-latina, e considera a brevidade, a fugacidade e a transitoriedade da vida, pois sabe que o tempo passa e tudo é efémero. Daí fazer a apologia da indiferença solene diante do poder dos deuses e do destino inelutável. Considera que a verdadeira sabedoria de vida é viver de forma equilibrada e serena.
Em grande parte devido ao seu paganismo, aceita o destino com naturalidade, considerando que os deuses estão acima do homem por uma questão de grau, mas que acima dos deuses, no sistema pagão, apenas se encontra o Fado, que tudo submete.
Em suma,acreditando na liberdade concedida pelos deuses, Ricardo Reis procura alcançar a quietude e a perfeição dos mesmos, indiferentes mas omnipresentes, que se confundem connosco sempre que os imitamos, pois estes não são mais que homens mais perfeitos ou aperfeiçoados.
Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Iva Santos
1 reacções:
muito bom mesmo! continuem porque a vossa ajuda foi-me essencial, muito obrigada :)
Enviar um comentário