A Nostalgia da Infância em Fernando Pessoa

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Uma das principais temáticas de Fernando Pessoa é a nostalgia da infância. O poeta procura recordar a sua primeira infância, mas não consegue lembrar mais que a vida após os cinco anos, data da morte do pai.

De facto, no poema Pobre e velha música, Pessoa imagina ter sido alguém diferente na infância, “outro”, não sabendo sequer se fora feliz: “E eu era feliz? Não sei: / Fui-o outrora agora”. Estas dicotomias, sempre presentes na sua obra, mostram a dualidade de pensamentos do poeta, a impossibilidade de se definir, desconhecendo esta infância fugaz.

Na realidade, este passado é como um refúgio para o presente, uma alegria na alma do poeta, ao tentar recordar esse tempo em que era “o menino da sua mãe”. No entanto, esta não passa de um sonho, memória perdida e remota, como o próprio refere no poema Quando as crianças brincam: “E toda aquela infância / Que não tive me vem, / (…) Que não foi de ninguém”.

Concluindo, a morte prematura do pai, aliada à morte do irmão, no ano seguinte, foram factos marcantes na vida de Pessoa, que não pôde aproveitar o passado nem voltar a vivê-lo, como procurou exaustivamente durante a sua existência e o demonstrou na poesia.

Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Raquel Silva

A Dor de Pensar em Fernando Pessoa

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Fernando Pessoa tem a consciência de que a capacidade analítica é dolorosa e que esta não o conduzirá nem à verdade nem à felicidade, no entanto, é incapaz de a renunciar, acabando assim por torná-la num vício excessivo e invencível.

No poema “Ela canta, pobre ceifeira”, nota-se, por parte do sujeito poético uma incompreensão perante a atitude da ceifeira que canta mesmo sem ter razões para o fazer (“Ela canta, pobre ceifeira, /Julgando-se feliz talvez”, “Ah, canta, canta sem razão!”), desejando também ele ser assim, inconsciente, sentindo a felicidade plena de existir sem recorrer à interrogação e intelectualização dos sentimentos, mas sem abdicar da sua capacidade de racionalização (Ah, poder ser tu, sendo eu! /Ter a tua alegre inconsciência, /E a consciência disso! Ó céu!”).

Do mesmo modo no poema “Ó sino da minha aldeia”, o sino enuncia-se como símbolo de passagem do tempo, o sujeito poético evidencia o facto de não ter conseguido aproveitar o passado, revelando-se inconformado (“E é tão lento o teu soar,/Tão como triste da vida,/…”) e com pouca expectativa em relação ao futuro (“És para mim como um sonho/Soas-me sempre distante…”).

Concluindo, obcecado pela auto-análise e pela intelectualização do sentir, Fernando Pessoa sofre a vida, incapaz de a viver plenamente.

Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Ana Pedro

A Dor de Pensar em Fernando Pessoa

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A poesia de Fernando Pessoa aborda temas como a dor de pensar e a obsessão pela análise, num permanente acto de sofrimento e busca da felicidade.

Fernando Pessoa é um homem que vive e pensa simultaneamente, e que, pensando no que vive, pensa que a vida só vale a pena ser vivida quando vivida sem pensamento, uma vez que o próprio pensamento corrompe a inconsciência, inerente à felicidade de viver. De facto, mais feliz é aquele que vive na ignorância, alheio à realidade da vida, do que aquele que baseia a sua existência na lucidez. Esta dor de pensar surge no poema “Ela Canta, Pobre Ceifeira”, mais concretamente nos versos “Ah, poder ser tu, sendo eu! / Ter a tua alegre inconsciência, / E a consciência disso!”. No que toca à obsessão pela análise, o seu sofrimento advém da sua constante auto-análise, não se permitindo sentir a felicidade, restando-lhe o sofrimento, uma vez que não abdica do saber doloroso.

Em suma, tanto a dor de pensar como a obsessão pela análise, são factores que invadem a mente do poeta e o impedem de viver plenamente a vida, ou seja, a extensão dos seus sentimentos é constantemente diminuída pela vastidão do seu pensamento e auto-análise.

Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Raquel Oliveira

O Fingimento Poético em Fernando Pessoa

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“A composição de um poema lírico deve ser feita não no momento da emoção, mas no momento da recordação dela”. Para Fernando Pessoa, a poesia é, pois, fingimento poético, um produto intelectual resultante da destruição do conceito romântico de inspiração, que o poeta modernista substitui por imaginação, concebendo a escrita como linguagem. Fingir é inventar, é intelectualizar o sentimento para exprimir a arte.

Efectivamente, a supremacia da razão sobre as emoções no acto de criar é sintetizada no poema “Autopsicografia”. Neste, o sujeito poético parte da afirmação “O poeta é um fingidor” para realçar a sua concepção poética: a dor real, para se elevar a poesia, tem de ser fingida, imaginada.

No poema “Isto”, Pessoa marca novamente a exclusividade da sensação intelectual “simplesmente sinto/ Com a imaginação”. Só o poeta, libertando-se do enleio, escreve em direcção a “Essa coisa (…) linda”, a região onde se gera a poesia. “Sinta quem lê!”, pois o poeta não sente, deixa isso para os que lêem.

Em síntese, deste processo de fingimento, Pessoa confronta-se com os seus muitos eus, de que advêm a construção dos seus heterónimos com vida própria, o seu fingimento pessoal “fingir é conhecer-se”.

Texto Expositivo-Argumentativo escrito por Ana Alves

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Pretendemos, com este blog, partilhar textos, documentos, e informações relacionados com a escola e a turma, de forma mais facilitada para todos os alunos.

Um dos principais objectivos é, exactamente, partilhar os textos expositivo-argumentativos das apresentações da disciplina de Português, acerca das temáticas abordadas por Fernando Pessoa e pelos seus heterónimos.
 
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